RELATO DIDA ARA SEXTA FEIRA, DIA 14 DE SETEMBRO



Nesta sexta-feira (dia 14), começamos o dia com o passeio e saudação ao Mercado Público e o presente às Divindades das Águas.
Neste dia, Osalà nos deu a possibilidade de entendimento e um mar de conhecimento. No painel, “Afrobioética: corpo como território do sagrado“, Tata Nkosi Nambá (Prof. Dr. Wanderson Flor do Nascimento  da Universidade de Brasília – UnB), nos ofereceu uma aula sobre bioética e reforçou a relação corpo-acestralidade-sagrado. Grandes mudanças acontecem na sociedade, na tecnologia, na forma como nos relacionamos com esses “objetos” que facilitam ou dificultam nossas vidas,  e, segundo Tata Nkosi Nambá  estamos preparados para elas ao consultar nossa comunidade:

“Inkices da tecnologia, capacidade de transformar a natureza, ancestralmente temos divindades ligadas com a transformação do mundo, divindades da técnica. O problema não é o uso das tecnologias, mas o modo como são usadas no nosso corpo. As coisas são construídas no contato com a religião, não existe uma formula pronta. Exemplo da válvula de carneiro, se for preciso,por questão de vida, não se pode negociar com Oiá? Nessa relação com a ancestralidade o orixá, Inkice, vodun, deve ser visto como parte da comunidade, e deve ser ouvido”

As provocações e duvidas de nossos mais velhos versaram quando a violência imposta pela sociedade ocidental em algumas ações de intervenção biomédica, ou mesmo a nossa própria auto-determinação como “religião” e o que este conceito implica à concepção médica  e de saúde do ocidente. Disso se reforça a necessidade de finalizarmos nosso encontro com documentos consistentes, com rigor científico , mostrarmos nossa capacidade de defendermos nossas ideias a partir das nossa própria perspectiva.
  
No painel, “Afrobioética e as combinações de Iku”, grandes mulheres compuseram a mesa para nos provocar em relação ao pacto com Iku. Ègbòn Òsun Tunsé, a Profª. Drª. Vanda Machado do Ilé Àse Opó Afonjá, iniciou a tarde nos a partir do paradoxo que constitui a morte, na medida em que “ela traz coisas que parecem erradas e depois se acertam; surpresas fantásticas... Morte é paradoxo, disparate, mas é também o que significa. Iku é um paradoxo; a vida tem dessas coisas e os dois sempre caminham juntos. Criar códigos e também poder entender a sedução de Ikú.

Segundo a opinião da Ìyálòrìsà Wanda de Omulu, do Ilé Àse  Egi Omin n Rio de Janeiro: “O que está em cima é igual ao que está em baixo, só que invertido. Para Iku não importa como o corpo será entregue, importa o sopro de vida. As transformações devem ser feitas com autorização do ori, se não, o corpo rejeita. A hora que acabar o sopro de vida de um corpo, Iku te leva.”   

Nossa tarde de muita foi de muita energia embalados pelas discussão de morte e nascimento, Prof. Helena Theodora nos acolhe ao dizer que “se a morte é um paradoxo, serve para mexer com o nosso ori, e se nossa cabeça se renova vamos manter nossa ancestralidade e tradição, uma comunidade que seja de vida e que o amor nasce a todo momento. Então, não precisamos ter medo de Ikú, pois ele nos ajuda a entender o paradoxo da vida.”
acesse as fotos do encontro no facebook do Dida Ara.