INFORME DIDA ARA






Organizado pela Renafro Saúde/RS no hotel Everest, o DIDA ARA I Encontro Nacional de Matriz Africana e Saúde começou na manhã de sábado, 18 e terminou na tarde do dia 21 de Setembro de 2010.

O evento reuniu religiosos e lideranças e todo o país para discutir Tradição de Matriz Africana e Saúde durante quatro dias. Temas como a promoção de ações anti tabagismo, drogas licitas e ilícitas, prevenção às DST AIDS e métodos contraceptivos, promover políticas de saúde com práticas educativas e humanas que melhorem a qualidade de vida do indivíduo físico/mental, diversidade sexual e gênero na juventude de matriz africana, segurança alimentar, ecologia e sustentabilidade, Mitologia, Educação e Saúde da Mulher, Direitos e Deveres das Religiões Afro-Brasileiras foram colocados e discutidos.

Começando no Mercado Público, com uma homenagem ao Bará do Mercado, religiosos de todo o Estado e do Brasil fizeram um passeio até a Usina do Gasômetro onde teve uma oferenda aos Orixás das águas.





À tarde iniciaram-se os trabalhos. Na mesa de abertura, Baba Diba de Iyemonja, lideranças do Rio Grande do Sul, do Brasil e convidados deram as boas vindas aos participantes. No pronunciamento da abertura o orador Ipácio Abimbade denunciou a secretária de saúde do Estado Arita Bergmamn por racismo e intolerância religiosa por sua ação arbitrária e unilateral no cancelamento do I Seminário Estadual Rede Nacional de Religiões Afro brasileiras e Saúde - núcleo RS - A produção de Saúde e o combate ao HIV/AIDS pelos terreiros. Os mais velhos do Batuque do Rio Grande do Sul foram homenageados e também teve uma bela homenagem a Maria Oscarlina de oxalá, mulher negra e guerreira que participou da construção do evento e não está mais entre nós. Foi muito emocionante! Os homenageados e os participantes do evento ficaram todos felizes pela organização ter pensado nos nossos mais velhos.
Os homenageados foram Mãe Ieda de Ogun, Mãe Otília Obaoluajê de Xangô, Mãe Norinha de Oxalá, Mãe Maria de Oxum, Alabê Borel de Xangô e Pai Eli de Oxalá)  No final do primeiro dia, e antes do coffe brack, o Coral do Cecune cantou, encantou e fez todo o mundo dançar e cantar junto. E assim o evento seguiu nos outros dias, com muita informação, formação e diversão.
 




 




 
Acolhimento e Respeito
A recepção no aeroporto e hotel eram preocupações que a organização tinha para que os convidados pudessem se sentir á vontade e focados nas atividades do evento.
 Os convidados eram recepcionados já no aeroporto com a equipe caracterizada

O local do evento
Com uma localização privilegiada, situado na região central de Porto Alegre, o Hotel Everest soube recepcionar também os participantes e palestrantes. As salas, os funcionários, a comida era tudo de boa qualidade.

Participação do Povo
O povo de Matriz Africana do estado esteve presente em todos os dias do evento. De manhã e de tarde, religiosos lotavam o auditório para escutar as falas dos palestrantes, dos mais velhos, darem a sua contribuição com os seus saberes.

Entretenimento
Durante os quatro dias de evento não faltou entretenimento. Coral, hip-hop, dança dos orixás, desfile de trajes religiosos, capoeira, samba de roda, todas as expressões daqui do Sul para o país.
O povo sorriu, cantou, brincou, chorou, emocionou e não faltou o bom humor em todos os momentos.

Propostas e Denúncias
Durante as discussões viu-se a necessidade dos religiosos do matriz Africana trabalhar mais na luta contra a privatização do SUS, na promoção de discussão sobre temas polêmicos como células-tronco, transsexualidade, aborto, crianças e jovens etc, na capacitação e produção de conhecimento, na organização para exigir os direitos do estatuto da igualdade racial. Sentiu-se a necessidade de um maior representação da da Seppir e da Fundação Palmares no sentido de promover a visibilidade das comunidades tradicionais de terreiro; o IBGE não tem o item   religiões de matriz africana o que compromete o processo do senso 2010.

O Sire
A comunidade Terreira Ilê Axe Iyemonja Omi Olodo ficou pequena para tanta gente, mas acolhimento é a nossa marca. Os tambores começaram a rufar contagiando os religiosos de todo o Brasil que ficaram  sensibilizados com as diferenças e semelhanças entre as tradições de Matriz africanas do país.

Propostas dos Grupos de Trabalho
No último dia houveram vários grupos de trabalho aos quais:
GT – Educação Ambiental facilitado por Ogan Ashogun Aderbal. Foi elaborada uma Carta de intenções da Matriz Africana e várias outras sugestões como a apropriação do Programa Cultura Viva, atuação da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde com os Pontos de Cultura;
GT – Diversidade Sexual nos Terreiros com Ebomi Rosangela Castro. Foi discutido o  plano de Saúde LGBTT, as dificuldades que existem dentro dos terreiros no que tange as questões de gênero, a interface entre Saúde, gênero, legislação LGBTT;
GT – Saúde Mental e Terreiros: o olhar  e a ação das terapêuticas tradicionais com o Hungbono Marcos Duarte. Dentre os encaminhamentos, está a tomada de ação de saúde mental como um universo amplo, a discussão dos acolhimentos as diferenças, como cuidados da pessoa que está em crise, como lidar com o luto, a criação de uma rede de discussão sobre a temática saúde mental e terreiros integrando terreiros e universidade e a sistematização das terapêuticas tradicionais do terreiro.
GT – Juventude de Terreiro: estratégias de fortalecimento e protagonismo.  Ana Bartira coordenou os trabalhos com os jovens de terreiro que participaram do seminário. Desse GT foi tirada uma diretoria.

GT – Estratégias de interlocução entre Terreiros e SUS, onde foi levantada questões como a saúde dos omorixás encarcerados, o acolhimento nos hospitais, cadeias, a intolerância religiosa. Também  pensou-se em formar grupos de capacitação sobre questões penais ligadas a intolerância religiosa, formação de núcleos jurídicos para dar atenção aos pais e mães de Santo.

O Didá Ará terminou com o fortalecimento da RENAFROSAÚDE/RS. Lideranças de Norte a Sul, Este a Oeste do Estado aderiram à rede estadual.
O evento também foi assistido em várias cidades do Brasil, assim como nos EUA, Uruguai, Cabo Verde, Cuba, Angola, Alemanha, Espanha, México e Holanda através da Internet.
No final houve uma confraternização com muita música e dança muita comida e muita bebida.

A partir do Dida Ara a  rede Nacional de Religiões Afro brasileiras e Sáude passa a  contar com o Núcleo do RS totalmente fortalecido e engajado na promoção de Saúde da População de Terreiro e Negra. Como encaminhamento serão realizados encontros municipais e regionais alavancando as ações da rede e a pressão para a realização do I encontro estadual barrado de forma arbitraria e unilateral pela secretária de saude do estado.

O Didá Ará  continua. Aguardem que estamos preparando o Volume 1 da revista Dida Ara!!!
Acompanhem o blog que logo anunciaremos o evento de Lançamento!! NÃO PERCAM!
As trocas de saberes produzidas neste grande evento , não podem ficar somente na memória dos participantes, mas devem ficar gravadas na história do estado como protagonismo das comunidades de terreiro na promoção de saúde dos seus vivenciadores.

Axé!!!!!!!!!!