ABERTURA DO DIDA ARÁ SE DEU ONTEM


Com muita alegria que iniciamos nesta quinta-feira (12 de setembro) o Dida Ará: II Encontro Nacional de Tradições de Matriz Africana e Saúde: Esperamos que todos os participantes , vindo de diversas regiões do Brasil, se sintam acolhidos, pois os objetivos desta evento são as discussão, mas que elas mesmas e nossa estada aqui seja promotora de saúde. Baba Diba de Iyemonja ressaltou: “a importância de trazer para Porto Alegre esse evento para o povo do Batuque também poder conhecer a nossa diversidade, enquanto matriz africana. Essas cabeças pensantes que compõe o manancial de sabedoria que atravessou o oceano e fez do Brasil essa riqueza que é. Temos que estar abençoados para fazer uma ação que possa repercutir em todos os terreiros do Brasil e as nossas famílias. Nós somos a grande boca do mundo, somos muitas bocas e estamos aqui para “ botar a boca no mundo” para dizer a saúde que nós queremos.”

E assim saudamos nossa ancestralidade.

Na mesa de abertura, participaram o Secretário Municipal de Saúde, Sr. Marcello Boccia, que afirmou o comprometimento de tal instituição com a política de saúde para a população negra e a atenção para a contribuição dos Povos de Terreiro na promoção de saúde; a Coordenadora da Política de Saúde para a população negra do Estado do Rio Grande do Sul, Miriam Alves ou Olori Obá como é conhecida por muitos de nós, que narrou com emoção a importância seu sentimento como mulher negra de asè podendo contribuir e construir essa política a partir de um outro espaço, que a muito pouco tempo não era acessível ao nosso povo. Além do Ogam José Marmo, coordenador executivo da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, que nos lembro que a Política Nacional de Saúde da População Negra é lei, fruto de muita luta, está no Estatuto da Igualdade Racial, e portanto é obrigação dos gestores cumpri-la e não favor ou caridade; A mesa encerrou com a fala de Baba Diba de Iyemonja, coordenador da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde / Núcleo RS e anfitrião, relatando as dificuldades que se tem de construir um evento como esse, e as inúmeras vezes que barremos no preconceito racial das instituições. Contido, agradece aqueles gestores eu foram parceiros nessa caminhada e lembra que ainda temos o compromisso de começar a construir material preventivo de saúde com a nossa linguagem.

Neste de dia, o Dida-Ará homenageou os mais velhos do Batuque, 10 (dez) Babás e Iyás, nem todos puderam estar presentes, mas foram lembrados e receberam uma placa como forma de um singelo agradecimento por preservarem e transmitirem nosso saber ancestral. Foram os homenageados os mais velhos: Iyálòrìsà Miguela de Bara, Ìyálòrìsà Dorsa de Òsàlá, Ìyálòrìsà Santinha de Ògún, Ìyálòrìsà Vera de Yánsàn, Ìyálòrìsà Neneca de Sàngó, Bàbálórìsà Paulinho de Aganju, Bàbálórìsà Cleon de Òsàlá, Bàbálórìsà Tuia de Bara, Bàbálórìsà Altair de Bara, Alabe Antônio Caros de Sàngó.

O primeiro painel de discussão foi bastante provocativo e deu o tom do que serão nossos dias discussão e construção aqui em Porto Alegre. Contamos com a explanação do Prof. Dr. José Roberto Goldim, pesquisador do Hospital de Clinicas de Porto Alegre, que nos relatou os trabalhos de pesquisa e intervenção sobre bioética que são desenvolvidos no âmbito do hospital. Além disso nos explicou sua proposta de biótica complexa, entendo a biótica menos como um conceito hermético e mais como um espaço de discussão. Posteriormente Ògìyán Kolafo Olorode , Prof. Teólogo Jayro Pereira (Escola de Teologia e Filosofia Afrocentrada – ESTAF) mais uma vez nos brindou com seu conhecimento e principalmente com uma incansável organização de referências e subsidiarão nosso debate. 

Mãe Torodi, do Rio de Janeiro, nos deixou um conselho para seguirmos com nossos dias de construção: “Quando contam os Orikis, os Itans, quando se lembra da historia de Xangô estamos falando daquilo que cantamos e dançamos, só que numa outra linguagem. Nosso povo, portanto, não precisa ter medo, porque não é uma coisa nova, mas algo ancestral. Nosso saber, nossos mitos já versam sobre fertilidade, deficiência...sobre isso que é bioética.” 
AS FOTOS DO EVENTO ENCONTRAM-SE NO facebook do Dida Ará. Acesse