SEJA BENVI@ AO DIDA ARA

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II ENCONTRO NACIONAL DE TRADIÇÕES DE MATRIZ AFRICANA E SAÚDE

Facebook: www.facebook.com/didaara.ara.

AFROBIOÉTICA NO CONTEXTO DO SUS

Fone:+ 55 51 3333-9736.

DE 13 A 16 DE SETEMBRO DE 2012

realização Rede Nacional dos Religiosos de matriz africana - Núcleo RS.

DÍDÁ ARA – AFROBIOÉTICA Considerações finais


No trabalho de organização do DÍDÁ ARA – II Encontro Nacional de Tradições de Matriz Africana e Saúde, foi revestida de recobrado cuidado com a temática de forma a torná-la não só numa questão que fosse passada às vistas dos/as participantes, mas de constituir o assunto como num conteúdo que mediante tratamento conceitual por intelectuais “desde dentro” viesse a fornecer subsídios teóricos, formação e capacitação aos participantes. 


Desde a sua primeira edição, o DÍDÁ ARA se constituiu num espaço que prima por qualidade política e conceitual. 



*A metodologia adotada calcada nos pressupostos da pedagogia do dinamismo de Esu, Njila, Elegbara, numa releitura “esuneutica” (Hendrix), possibilitou que os objetivos do Dídá-Ara 2012 fossem alcançados. 


*Essa metodologia, efetivamente, desacomodou nossos Ori-Inu (cabeça de dentro), informando a ELE novos elementos para consolidarmos categorias de análise e quadro de referência “desde dentro” que nos qualifique e substancie para que desta forma saiamos do lugar das “inclusões subalternas”.

*Período de sistematização:
   Em outubro e novembro:
1. Apresentação da publicação com os textos dos painelistas, dos/as debatedores/as e participantes (
com ISBN - Número Padrão Internacional de Livro).
2. Apresentação do Vídeo editado que todos/as vão receber
3. Apresentação do documento para o SUS, Ministério da Saúde, para a Secretaria de Saúde do Estado do RS, do Município
4. Carta para a Rede Globo 

NGUZO, ÀSE, SARAVÁ, MOOYO

Esse encaminhamento foi aprovado por unanimidade pela plenária de encerramento do DÍDÁ ARA – II Encontro Nacional de Tradições de Matriz Africana e Saúde

RELATO DIDA ARA SEXTA FEIRA, DIA 14 DE SETEMBRO



Nesta sexta-feira (dia 14), começamos o dia com o passeio e saudação ao Mercado Público e o presente às Divindades das Águas.
Neste dia, Osalà nos deu a possibilidade de entendimento e um mar de conhecimento. No painel, “Afrobioética: corpo como território do sagrado“, Tata Nkosi Nambá (Prof. Dr. Wanderson Flor do Nascimento  da Universidade de Brasília – UnB), nos ofereceu uma aula sobre bioética e reforçou a relação corpo-acestralidade-sagrado. Grandes mudanças acontecem na sociedade, na tecnologia, na forma como nos relacionamos com esses “objetos” que facilitam ou dificultam nossas vidas,  e, segundo Tata Nkosi Nambá  estamos preparados para elas ao consultar nossa comunidade:

“Inkices da tecnologia, capacidade de transformar a natureza, ancestralmente temos divindades ligadas com a transformação do mundo, divindades da técnica. O problema não é o uso das tecnologias, mas o modo como são usadas no nosso corpo. As coisas são construídas no contato com a religião, não existe uma formula pronta. Exemplo da válvula de carneiro, se for preciso,por questão de vida, não se pode negociar com Oiá? Nessa relação com a ancestralidade o orixá, Inkice, vodun, deve ser visto como parte da comunidade, e deve ser ouvido”

As provocações e duvidas de nossos mais velhos versaram quando a violência imposta pela sociedade ocidental em algumas ações de intervenção biomédica, ou mesmo a nossa própria auto-determinação como “religião” e o que este conceito implica à concepção médica  e de saúde do ocidente. Disso se reforça a necessidade de finalizarmos nosso encontro com documentos consistentes, com rigor científico , mostrarmos nossa capacidade de defendermos nossas ideias a partir das nossa própria perspectiva.
  
No painel, “Afrobioética e as combinações de Iku”, grandes mulheres compuseram a mesa para nos provocar em relação ao pacto com Iku. Ègbòn Òsun Tunsé, a Profª. Drª. Vanda Machado do Ilé Àse Opó Afonjá, iniciou a tarde nos a partir do paradoxo que constitui a morte, na medida em que “ela traz coisas que parecem erradas e depois se acertam; surpresas fantásticas... Morte é paradoxo, disparate, mas é também o que significa. Iku é um paradoxo; a vida tem dessas coisas e os dois sempre caminham juntos. Criar códigos e também poder entender a sedução de Ikú.

Segundo a opinião da Ìyálòrìsà Wanda de Omulu, do Ilé Àse  Egi Omin n Rio de Janeiro: “O que está em cima é igual ao que está em baixo, só que invertido. Para Iku não importa como o corpo será entregue, importa o sopro de vida. As transformações devem ser feitas com autorização do ori, se não, o corpo rejeita. A hora que acabar o sopro de vida de um corpo, Iku te leva.”   

Nossa tarde de muita foi de muita energia embalados pelas discussão de morte e nascimento, Prof. Helena Theodora nos acolhe ao dizer que “se a morte é um paradoxo, serve para mexer com o nosso ori, e se nossa cabeça se renova vamos manter nossa ancestralidade e tradição, uma comunidade que seja de vida e que o amor nasce a todo momento. Então, não precisamos ter medo de Ikú, pois ele nos ajuda a entender o paradoxo da vida.”
acesse as fotos do encontro no facebook do Dida Ara.

ABERTURA DO DIDA ARÁ SE DEU ONTEM


Com muita alegria que iniciamos nesta quinta-feira (12 de setembro) o Dida Ará: II Encontro Nacional de Tradições de Matriz Africana e Saúde: Esperamos que todos os participantes , vindo de diversas regiões do Brasil, se sintam acolhidos, pois os objetivos desta evento são as discussão, mas que elas mesmas e nossa estada aqui seja promotora de saúde. Baba Diba de Iyemonja ressaltou: “a importância de trazer para Porto Alegre esse evento para o povo do Batuque também poder conhecer a nossa diversidade, enquanto matriz africana. Essas cabeças pensantes que compõe o manancial de sabedoria que atravessou o oceano e fez do Brasil essa riqueza que é. Temos que estar abençoados para fazer uma ação que possa repercutir em todos os terreiros do Brasil e as nossas famílias. Nós somos a grande boca do mundo, somos muitas bocas e estamos aqui para “ botar a boca no mundo” para dizer a saúde que nós queremos.”

E assim saudamos nossa ancestralidade.

Na mesa de abertura, participaram o Secretário Municipal de Saúde, Sr. Marcello Boccia, que afirmou o comprometimento de tal instituição com a política de saúde para a população negra e a atenção para a contribuição dos Povos de Terreiro na promoção de saúde; a Coordenadora da Política de Saúde para a população negra do Estado do Rio Grande do Sul, Miriam Alves ou Olori Obá como é conhecida por muitos de nós, que narrou com emoção a importância seu sentimento como mulher negra de asè podendo contribuir e construir essa política a partir de um outro espaço, que a muito pouco tempo não era acessível ao nosso povo. Além do Ogam José Marmo, coordenador executivo da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, que nos lembro que a Política Nacional de Saúde da População Negra é lei, fruto de muita luta, está no Estatuto da Igualdade Racial, e portanto é obrigação dos gestores cumpri-la e não favor ou caridade; A mesa encerrou com a fala de Baba Diba de Iyemonja, coordenador da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde / Núcleo RS e anfitrião, relatando as dificuldades que se tem de construir um evento como esse, e as inúmeras vezes que barremos no preconceito racial das instituições. Contido, agradece aqueles gestores eu foram parceiros nessa caminhada e lembra que ainda temos o compromisso de começar a construir material preventivo de saúde com a nossa linguagem.

Neste de dia, o Dida-Ará homenageou os mais velhos do Batuque, 10 (dez) Babás e Iyás, nem todos puderam estar presentes, mas foram lembrados e receberam uma placa como forma de um singelo agradecimento por preservarem e transmitirem nosso saber ancestral. Foram os homenageados os mais velhos: Iyálòrìsà Miguela de Bara, Ìyálòrìsà Dorsa de Òsàlá, Ìyálòrìsà Santinha de Ògún, Ìyálòrìsà Vera de Yánsàn, Ìyálòrìsà Neneca de Sàngó, Bàbálórìsà Paulinho de Aganju, Bàbálórìsà Cleon de Òsàlá, Bàbálórìsà Tuia de Bara, Bàbálórìsà Altair de Bara, Alabe Antônio Caros de Sàngó.

O primeiro painel de discussão foi bastante provocativo e deu o tom do que serão nossos dias discussão e construção aqui em Porto Alegre. Contamos com a explanação do Prof. Dr. José Roberto Goldim, pesquisador do Hospital de Clinicas de Porto Alegre, que nos relatou os trabalhos de pesquisa e intervenção sobre bioética que são desenvolvidos no âmbito do hospital. Além disso nos explicou sua proposta de biótica complexa, entendo a biótica menos como um conceito hermético e mais como um espaço de discussão. Posteriormente Ògìyán Kolafo Olorode , Prof. Teólogo Jayro Pereira (Escola de Teologia e Filosofia Afrocentrada – ESTAF) mais uma vez nos brindou com seu conhecimento e principalmente com uma incansável organização de referências e subsidiarão nosso debate. 

Mãe Torodi, do Rio de Janeiro, nos deixou um conselho para seguirmos com nossos dias de construção: “Quando contam os Orikis, os Itans, quando se lembra da historia de Xangô estamos falando daquilo que cantamos e dançamos, só que numa outra linguagem. Nosso povo, portanto, não precisa ter medo, porque não é uma coisa nova, mas algo ancestral. Nosso saber, nossos mitos já versam sobre fertilidade, deficiência...sobre isso que é bioética.” 
AS FOTOS DO EVENTO ENCONTRAM-SE NO facebook do Dida Ará. Acesse